[ México ] Movimentos sociais exigem justiça para massacre de estudantes e apontam responsabilidade do jefe do Estado

Colamos de Adital sobre a massacre de Iguala, da que já falamos neste blogue:

2014_10_estudantes_mexicanos_desaparecidos2_sopitasOrganizaçons sociais se unem na exigência de esclarecimento e justiça para o caso do massacre dos estudantes da Escola Normal Rural de Ayotzinapa, na cidade mexicana de Iguala (Estado de Guerrero), ocorrido no último dia 26 de setembro. A tragédia deixou seis mortos, 18 feridos e 43 desaparecidos. Para os movimentos sociais, o feito pode ser tipificado como crime de Estado, demonstrando umha política repressiva por parte do governo mexicano.

Em nota pública, a organizaçom mexicana Constituyente Ciudadana afirma que, para além de um envolvimento direto de policiais e paramilitares do município de Iguala no atentado, há múltiplos indícios de umha “provocação maior”. “A existência de um plano deliberado, conjuntural e de longo esforço, promovido com o respaldo do representante do Poder Executivo, Enrique Peña Nieto, e dos altos comandos políticos policiais e militares encarregados da Segurança Nacional, que se relacionam cotidianamente com agências de segurança (…) e com o Exército estadunidense”, declara a entidade.

A organizaçom aponta a relaçom entre o atentado cometido contra os estudantes e o massacre praticado polo Exército de Tlatlaya (Estado do México), ocorrido no dia 30 de junho deste ano, no qual foram executadas 22 pessoas. Na época, o caso foi tratado como “indisciplina militar”, resultado de suposto enfrentamento entre militares e criminosos. “Se se comete um crime maior para ocultar outro, apresentando-o como um ajuste de contas entre as máfias da classe política local”, interpreta.

Para a entidade, tais acçons som um traço do processo de “ocupaçom neocolonial” no país. “É umha extensom da violência desatada polos últimos governos do neoliberalismo e já cobraram mais de 150 mil mortes entre desaparecidos e assassinados, além de centenas de vítimas ‘colaterais’. Nom se pode mais espoliar a naçom de seus bens comuns por meio da violência”, publica a Constituyente.

Acçons em apoio às vítimas

Em cidades de todo o país, mexicanas e mexicanos saem às ruas em apoio aos vitimados de Ayotzinapa e a seus familiares, como ocorreu na cidade de San Cristóbal de las Casas, Estado de Chiapas, na qual se reuniram zapatistas, estudantes e professores em acto público, no último dia 08 de outubro. Organizaçons camponesas, indígenas e de direitos humanos também se somam à causa em todo o território nacional e outros países.

“O Governo do México tem a obrigaçom de realizar umha investigaçom profunda, minuciosa e transparente para esclarecer os eventos do massacre de Iguala, que tem comovido o México e o mundo, assim como proceder, de maneira imediata, a apresentar com vida os 43 estudantes normalistas que continuam desaparecidos forçadamente”, exige umha nota pública assinada por organizaçons, entre elas a Frente Popular de Ixtapa Ricardo Flores Magón, a Organizaçom Camponesa Emiliano Zapata-Región Carranza (OCEZ-RC) e a Liga Mexicana para a Defesa dos Direitos Humanos (LIMEDDH-Filial Jitotol).

Segundo as entidades, os crimes de lesa humanidade que foram cometidos no caso de Iguala som, em parte, responsabilidade do Presidente da República, Enrique Peña Nieto, e do governador do Estado de Guerrero, Ángel Aguirre Rivero, que agravariam umha situaçom de criminalizaçom, repressom e violaçom dos direitos humanos no país. “Por suas graves omissons e o encobrimento de funcionários e grupos que som parte da delinquência organizada”, avaliam as organizaçons sociais.

“O ocorrido em Iguala nom é um caso isolado, como se pretende assinalar a partir do ogverno de Enrique Pena Nieto; o que aconteceu em Iguala é o ápice dumha estratégia de governo que implementada em Guerrero para conter a dissidência e tem como centro a eliminaçom física e o encarceramento de lutadores sociais e defensores de direitos humanos”, acusam as entidades.

A organizaçom Tlachinollan-Centro de Direitos Humanos da Montanha, pede que a comunidade internacional e a sociedade civil mexicana exijam que as autoridades estatais realizem umha investigaçom independente e eficiente dos feitos; processem e punam os policiais e autoridades envolvidos direta ou indiretamente e intensifiquem acçons de busca dos desaparecidos. Além disso, requerem que sejam implementadas medidas cautelares para salvaguardar a integridade física e psicológica das vítimas e o seu atendimento médico, além de reparar os danos aos vitimados e seus familiares.

Declaraçons do estudante mexicano Omar García, sobrevivente do massacre de Ayotzinapa:

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